A participação de Eduardo Pazuello, ex-ministro e general da ativa do Exército brasileiro, em um ato pró-Bolsonaro causou polêmica entre os oficiais do Exército e lideranças políticas. Segundo normas da instituição militar, integrantes da ativa estão proibidos de participar de manifestações político-partidárias. Pazuello pode ser punido e especulações apontam que é provável que seja com sua ida para a reserva.
A manifestação aconteceu na manhã do último domingo (23/05) e reuniu centenas de motociclistas em um cortejo pelas ruas da cidade do Rio de Janeiro. Grande parte dos presentes, incluindo Pazuello, não usava máscara.
De acordo com o item 57 do Anexo I do Regulamento Disciplinar do Exército, fundamentado pelo Decreto nº 4.346/02, configura-se uma transgressão “manifestar-se, publicamente, o militar da ativa, sem que esteja autorizado, a respeito de assuntos de natureza político-partidária”. No meio militar, a atenção e o cumprimento das normas são muito apreciadas e casos de indisciplina são passíveis de punição. O vice-presidente, Hamilton Mourão, que é general da reserva do Exército, declarou que é bem provável que Pazuello seja punido pela instituição militar.
Essa punição, no entanto, seria mais de ordem didática — visando coibir que demais integrantes das Forças Armadas descumpram as normas e participem de atos políticos. Especula-se que a penalidade seja removê-lo da ativa e colocá-lo na reserva, uma vez que sua patente é de general. A decisão do Alto Escalão do Exército deve ser tomada nesta segunda-feira (24/05).
Eduardo Pazuello, na condição de ex-ministro da Saúde, foi sabatinado pela CPI da Covid na última semana, em duas oportunidades seguidas, e pode ser reconvocado a prestar depoimentos. Segundo o senador Randolfe Rodrigues, relator da comissão, ao participar da manifestação, Pazuello cometeu “crime contra a saúde, contra regras de conduta do Exército, contra autoridade judicial” e com isso, “se indiciou”, ou seja, reuniu provas contra ele próprio.
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