Aos seus 29 anos, Túlio Leite é um homem livre. Não carrega nos passos a incerteza do passado e nem nos ombros o peso de não perdoar. Lembra-se de sua infância e adolescência com a sensatez de quem se tornou o melhor adulto que poderia ser. Distante do pai, por quem perdeu contato – e por alguns anos, apreço – na adolescência, cresceu com muitas idas à casa da avó, Nena, onde sempre teve colo.
O jovem Túlio, em meio à seus caminhos, parou em uma porta que lhe chamou a atenção, entrou e nunca mais saiu: era parecido com o colo da vó Nena, só que maior. A placa na porta dizia Igreja Evangélica Presbiteriana.
Aos 21 anos, se aventurou por Goiânia: com o objetivo de apresentar o colo – o divino – que tinha encontrado, foi missionário de um projeto chamado Jocum – Jovens com uma missão. Quatro anos mais tarde, regressou à Governador Valadares, sua cidade natal, e decidiu que seria mais que missionário: queria ser pastor. Com esse propósito, mudou-se para Belo Horizonte para estudar.
Os ares da capital parecem ter instigado Túlio, causando uma inquietação no peito que logo descobriu o que era. Pegou seus documentos e solicitou um visto para viajar aos Estados Unidos. Queria ver o pai. Queria olhar nos olhos do Sérgio que o deixou, agora 15 anos mais velho, e dizer que o perdoava. E assim foi.
Túlio aprendeu que poderia ser o melhor de si arrancando qualquer remorso que tinha no peito e, mais tarde, aprendeu também que se importar com o outro, com quem tem menos, liberta.
Hoje, ele tem um projeto sem fins lucrativos que arrecada cestas básicas para pessoas que necessitam e dá suporte gratuito a quem não tem instruções para conseguir ajuda médica pelo SUS. Hoje Túlio é a melhor versão de si que já conheceu.
